sábado, 3 de setembro de 2016

Compaixão: Estado mental...

Uma definição útil de compaixão tem de começar por reconhecer um estado de espírito ou um “estado do coração”. O Budismo define compaixão como um estado mental em que se deseja que os outros possam estar livres de sofrimento. A compaixão está por cima intimamente ligada com o amor, que o Budismo define como um sentimento de apreciação pelos outros – sentir uma espécie de proximidade e afecto pelos outros – e também como um estado mental em que se deseja que os outros sejam felizes. Eu uso a expressão estado mental em vez de emoção aqui porque o Budismo Tibetano não tem uma palavra correspondente para emoção. O Budismo não faz uma distinção clara entre pensamentos e emoções. Do ponto de vista budista, são os nossos pensamentos que originam e sustêm as nossas experiências emocionais. Por exemplo, quando nos sentimos zangados acreditamos que os outros são intrinsecamente desagradáveis e estão a causar o nosso mal estar, tal como quando nos sentimos bem achamos que os outros são inerentemente bons e merecem todo o bem estar. Do ponto de vista da psicologia ocidental, a compaixão é uma emoção, mas eu aqui defino-a sobretudo como um estado mental, para evitar a forma Ocidental dualistica de que uma emoção é oposta à razão. De facto, do ponto de vista Budista, emoções saudáveis como a compaixão são baseadas em pensamentos racionais válidas e sensatos acerca de nós próprios e dos outros, enquanto que as emoções negativas como o ódio ou a ansiedade são baseadas em pensamentos confusos e imprecisos. É por isto que o Budismo reconhece a sabedoria e a compaixão como muito correlacionadas; há medida que desenvolvemos um tipo de sabedoria que percebe a realidade de forma correcta, naturalmente tornamo-nos mais compassivos, e há medida que nos tornamos mais compassivos, tornamo-nos também naturalmente mais sábios e possuídores de uma abordagem mais razoável em relação à nossa vida.
O objectivo na psicologia Budista de definirmos diferente estados mentais é providenciar-nos uma ajuda à nossa própria introspecção, para ajudarmos as pessoas a avaliarem melhor o conteúdo dos seus corações e a conhecerem-se a si próprias melhor.

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