E a impressão é a de que me perco de repente. Longe de mais do que eu conheço de mim mesmo. Não sei voltar, não consigo, mas não sei também se existe estrada seguindo em frente. Como disse meu pai que eu corria o risco. O que tinha eu de mim mesmo foi quebrado, mas não me deram nenhuma bengala nova para me apoiar. Não me deram crença nova para seguir nem musa nova para me apaixonar.
Deram-me a opção confusa de uma musa linda atrás de um vidro fosco, através do qual eu pouco enxergo e nada distingo com certeza.
Me tiraram os cavalos que me levavam pelos campos e me deram fogo para andar e um leão que por sobre eles flutuasse, mas sua crina é rápida de mais para minhas mãos e seus movimentos imprecisos de mais para meu olhar. Não sei captar as cores do fogo.
Depois de todo um deserto atravessado, a primeira árvore que encontro tem só flores de pedra, refletoras de luz, secas e fortes, que mostram só o que desejam e que não podem ser abertas, se o forem o que escorre arde de mais e brilha muito para meus olhos, então o botão em pedra se reduz, para que eu não o perceba com certeza, mas exala seu perfume de flor para que eu não deixe de ter impressão de sua presença.
Confuso não sei se tento, se ouso, se indico que quero, é medo. Não consigo dizer mais do que o dito por mim naturalmente, e o dito por mim naturalmente não é o que naturalmente te satisfaz os nervos e a vontade. A sede que rasga e fere, que arde e ri.
Fala pra mim, agora, sem pensar, o que faço e para onde ando, que são teus movimentos, leão, que não entendo e que é que esconde sob as pétalas fechadas de pedra? Quero sim o perfume que sinto, mas quero também o que esconde, o que confunde e aquilo de que não posso saber nem ter certeza.
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