Sei o que eu quero,
aliás presumo, não tenho certeza. Tenho vontades, mas faltam movimentos.
Como se a morte tivesse me alcançado antes do tempo, meu coração parou, os
únicos fatos que eu vejo são os que ilustraram minha vida
recentemente, e as previsões mais próximas não são boas. Toda hora um
branco clareia minha mente, tudo que eu leio voa vagarosamente para algum lugar
que eu nem sei nomear. Sinto-me angustiado, as horas
passam, dançam, flutuam, e eu fico parado. Só queria ouvir
certas frases, não queria que as coisas tivessem tomado esse rumo.
A solidão. Ela é boa quando você tem a certeza de que alguém
te ama mesmo sendo abominável, ou quando você tem liberdade. Aprisionado,
é como me sinto, pela dor dos que me amam, pela mentira que me cerca e pela
pobreza de alguns que me rodeiam.
Ainda estou disperso em
um vazio, é a morte. Minha alma não tem salvação. Cheguei ao
final do caminho, o
sangue entre os espinhos já não estremecia ninguém. Lágrimas que não secam,
gritos que não ecoam; eu tentei, eu juro, mas ninguém me ouviu. Não sei mais
sorrir.
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